AGORA A HISTÓRIA É OUTRA

Frases raras de soldados, filosofia barata de quartel, exemplos "edificantes" de Liderança, exemplos verdadeiramente edificantes de conduta, atitudes inesperadas e cômicas. Não vou criar nada, porém não vou citar o nome de ninguém (podem ficar tranquilos). Não há compromisso com a verdade. Isso é só o que desejo publicar a partir de agora no novo estoriasdoguerreiro.blogspot.com. Divirta-se.



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Confúcio virou confusão

Algumas Organizações Militares (OM) mais antigas do nosso glorioso Exército possuem o piso construído com taco, ladrilho vermelho, ou um cimento queimado, chamado também de "vermelhão" pela cor que ele adquire à medida em que é encerado. Manter esse tipo de piso o tempo todo brilhando é uma das atribuições dos Encarregados de Material das companhias desses batalhões. Para isso esse militar destacava uma equipe específica para zelar pelo brilho do dito chão.
Não era fácil. Pela manhã cedinho, a equipe limpava o chão e dava o brilho com a cera. No início da tarde tinha que fazer tudo novamente para manter o padrão do piso por todo o dia. Normalmente, a OM possuía apenas uma máquina de encerar, destinada a dar brilho por onde o comandante do batalhão passava rotineiramente. As companhias ficavam desprovidas dessa facilidade, o que obrigava à equipe de enceradores realizar todo o trabalho à mão.
Aconteceu, certa vez em uma dessas unidades,  de o comandante da companhia A estar insatisfeito com o brilho do corredor que dava acesso ao seu Posto de Comando (PC). Todos os dias dava orientações aos militares da equipe de limpeza a esse respeito, mas não percebia melhora na produtividade. Resolveu, então colocar a filosofia de Confúcio em prática.
"Conte-me e eu esqueço, mostre-me e eu me lembro, deixe-me fazer e eu entendo"
- Soldados, todos os dias eu reclamo do brilho desse corredor, digo que tem que ser melhorado, mas nunca está bom! Como é que vocês estão encerando esse piso? - o interessado comandante em melhorar o processo.
Um dos soldados da equipe de limpeza demonstrou.
- Estão vendo?! É por isso que o piso desse corredor está sempre opaco, com o brilho fraco. Deixem eu mostrar como se faz.
O bom comandante pegou o pano da mão do soldado que acabara de demonstrar o processo para lustrar o chão e o passou na grande lata de cera vermelha. Depois tomou aquela posição tradicional de quem vai esfregar o chão com a mão, ou seja, de quatro.
Tá vendo? É assim. Olhem como está brilhando muito mais.
Enquanto isso ocorria, um outro soldado desavisado que ia passando não teve dúvida quando viu aquele militar de quatro e de cabeça baixa. Desferiu um chute na traseira do indefeso ao ponto deste se estatelar no piso recém-encerado.
O capitão ficou louco, mas controlou-se logo em seguida e mandou chamar o Subtenente, Encarregado de Material. Depois de contar-lhe o sucedido, perguntou ao velho subtenente:
- E agora, Sub, o que você acha que eu devo fazer com esse soldado?
- Capitão, se o senhor não quiser que este caso se espalhe, aconselho que o senhor dê um jeito de sumir com esse soldado daqui do quartel.
O comandante assimilou o aviso do encarregado de material e resolveu mandar o militar que o havia "executado" para casa o mais rápido possível por dois dias.
Assim que chegou no quartel novamente, dentro do alojamento com os companheiros, o soldado já foi lançando:
- Dei um chute na bunda do capitão e ainda ganhei uma dispensa como recompensa.

Um comentário:

Marko Galleno disse...

Muito boa esta estória. Um abraço.